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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A VIDA CRISTÃ SURPREENDENTE É PARA VOCÊ!

(Dt 6.10-12; 1 Crônicas 4.9-10; Salmo 23; João 10.10)

Texto para célula baseado no sermão pregado pelo pr. Ribamar Sousa em 16 de fev. de 2014.




1.    Você foi chamado para viver uma vida cristã surpreendente. De acordo com o dicionário, surpreendente é algo excepcional; algo que nos arrebata e nos causa profunda admiração. Trata-se de algo admirável, estupendo, excelente, maravilhoso, sublime. Considerando os sinônimos, o que você compreende por uma “vida cristã surpreendente”?
2.    Comente a seguinte afirmação: “Compreender e vivenciar os princípios divinos que nos são ensinados, torna-nos preparados para viver a vida abundante que o Senhor nos prometeu. Dê sua opinião sobre João 10.10. Qual o objetivo de Satanás e qual o de Jesus? O que significa essa “vida abundante”? Você tem vivido isso?
3.    Leia atentamente Dt 6.9-10 e dê sua opinião sobre as afirmações feitas no sermão de domingo: a. “O Egito representa a escravidão, a miséria, o desajuste da vida, a opressão sob o Maligno”, mas o cristão verdadeiro já foi liberto do Egito e de sua opressão. b. Deus promete fazer coisas surpreendes na nossa vida, mas não podemos esquecer nosso passado, o que Deus fez na nossa vida. Não podemos esquecer que ele nos libertou e nos transportou para o “Reino do filho do Seu amor” (Cl 1.13)
4.    Agora Leia 1 Cr 4.9,10 e comente com a sua célula o que foi dito sobre a vida de Jabez: 1. Ele nasceu com um grave problema: foi filho rejeitado ainda no ventre e, quando nasceu, sua mãe deu-lhe um nome muito estranho: “sofrimento, ou dor”. Já imaginou? E você sofreu algum tipo de rejeição? Só que Jabez, o garoto rejeitado, conhece o propósito de Deus e desperta para uma nova realidade (1 Cr 4.10) e passa a viver tudo o que Deus tem para Ele. Ele não fica preso pela rejeição, mas avança. E você, tem avançado no propósito de Deus? Dê sua opinião sobre a atitude de Jabez.
5.    Qual o significado de cada um destes textos sobre a vida cristã surpreendente? Salmo 23; Romanos 8.37; 2 Coríntios 4.8-9.
6.    O primeiro passo para viver esse estilo de vida surpreendente é desejar. Jabez desejou e decidiu lutar por isso! O segundo passo é crer. Jabez creu no propósito de Deus, e tudo passou a ser diferente. A vida cristã surpreendente é para você. Você crê no propósito de Deus para Você? Está decidido a lutar em oração por mudanças?  
7.    Aquele que ora, muda a história. O terceiro passo dado por Jabez foi orar; orar muito e com persistência (Veja em 1Cr 4.10 o conteúdo da sua oração). Se você deseja que Deus mude as coisas em você e através de você, precisa orar. Um TSD de pelo menos 15m por dia já muda muita coisa.
8.    Veja que Jabez orou para ser abençoado, para assim, poder abençoar a outros. Quando você ora, sua vida é abençoada para abençoar a outros. Ganhar e cuidar bem das pessoas é cumprir o propósito de ser um abençoador. Você tem orado por isso? Jabez também pediu para Deus ampliar influência da sua vida(alargar suas fronteiras). Jabez também orou por proteção divina. Ele sabia que os adversários se levantariam para tentar impedir o seu avanço, mas sabia que podia contar com Deus. Deus é o seu lugar seguro contra as armas do Adversário, você pode contar com Ele(Salmo 91.1).
9.    Você tem um chamado para ser uma pessoa “ilustre” de acordo com o propósito que o Pai estabeleceu para a sua vida. Jabez, o menino que recebeu o nome de “filho do sofrimento”, foi transformado no mais ilustre entre seus irmãos. O mesmo pode acontecer com você! Você crê nisso? 

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Pedrinhas e a questão penitenciária
Alexandre Pereira da Rocha

O Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, ganhou destaque nacional e internacional. Motivo: a divulgação das cenas de três detentos decapitados vítimas de facções criminosas atuantes nas prisões. Não obstante, muito antes desse fato, as unidades penais Pedrinhas já passavam por outros problemas comuns à maioria das prisões brasileiras: superlotação, rebeliões, fugas, violência e corrupção.

A situação das unidades prisionais de Pedrinhas simboliza um tipo ideal às avessas, em que se ressalta tratamento cruel e desumano como punição. O pior que pode existir numa prisão tem ocorrido em Pedrinhas. Isso foi apreendido numa inspeção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na qual se constatou que o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pedrinhas é: uma penitenciária superlotada, sucateada e controlada por facções criminosas diante um poder público omisso. 

Entretanto, essa realidade só parece ter incomodado o governo do Maranhão por causa da repercussão que o fato dos presos decapitados adquiriu. Note-se: quase 60 mortes de detentos já tinham ocorrido em Pedrinhas ao longo de 2013, sem gerar grandes preocupações às autoridades públicas. Infere-se que, se as imagens de terror nas prisões não tivessem sido divulgadas, o governo maranhense continuaria a ignorar a precariedade do seu sistema carcerário.

É fato. Hoje o Complexo Penitenciário de Pedrinhas está sob os holofotes, mas outros já ocuparam e ocuparão essa posição. Afinal, em prisões superlotadas, inseguras e sucateadas, acharques aos direitos humanos e ações violentas de facções criminosas ocorrem habitualmente. Isso não é novidade para deixar governantes chocados. No geral, há tempos estudos e acontecimentos apontam para o colapso do sistema prisional maranhense e de outras unidades da federação.

Não obstante, discussões sobre o sistema prisional brasileiro têm ocorrido em momentos de crises agudas, como a atual nas prisões do Maranhão. Até agora a estratégia adotada foi de apagar os focos de incêndio, quer dizer, sobrestar as crises. Nesse sentido são conduzidas as tratativas para conter a violência no Maranhão: a comitiva do Ministério da Justiça foi enviada a São Luís para ratificar a atuação da Força Nacional e a transferências de detentos para presídios federais. Decretou-se um plano emergencial para frear o caos na segurança pública e mudanças foram prometidas.

Mas outra vez não se aborda a fundo a temática penitenciária. Vale aqui revisitar a obra: “A Questão Penitenciária”, do criminalista Augusto Thompson, escrita ainda em 1976. De forma resumida ele já denunciava a rotina violenta das prisões, suas limitações físicas e a falência no quesito ressocialização. Ele traz um axioma intrigante: “a penitenciária não pode recuperar criminosos nem pode ser recuperada para tal fim”. Desse modo, a instituição prisão tem se tornado em depósito de sentenciados, sendo que a finalidade é apenas retirar os rotulados como criminosos de circulação.

A questão penitenciária cogitada por Thompson tem sido refletida por outros pesquisadores e organismos do campo de direitos humanos, porém com escassas contrapartidas do poder público. Com efeito, situações semelhantes à de Pedrinhas se repetem. Pior, a crise já não está mais restrita aos muros e às grades das prisões. Note-se: nas primeiras ações estatais para resgatar a ordem em Pedrinhas, criminosos foram às ruas causando pânico e a morte de uma menina. A título de exemplo, em São Paulo, integrantes de facções criminosas gestadas nas prisões têm promovido uma guerra contra as forças de segurança pública. Só em 2012, mais de 100 policiais militares foram mortos por criminosos.

Para complicar a questão, prevalece no senso comum a ideia de que investir em prisões é beneficiar bandidos. As prisões devem ser mesmo horrendas para que os presidiários paguem por seus crimes. Essa é a vingança da sociedade contra os criminosos. Esse revanchismo ilógico encontra abrigo numa parte considerável da classe política, de autoridades do aparelho de justiça criminal e da mídia, as quais incentivam um populismo penal como o meio eficaz de lidar com a criminalidade. Resultado: mesmo com as prisões brasileiras superando 500 mil indivíduos, a insegurança se generaliza.

A tragédia do Complexo Penitenciário de Pedrinhas não pode ser vista isoladamente. De um lado, ela é prova do descaso do governo estadual. De outro lado, insere-se numa crise sintomática do sistema prisional brasileiro. Decerto, o caos de Pedrinhas traz novamente à tona a questão penitenciária, que governos negligenciam e sociedade desconhece. Urge decifrar essa questão, pois estamos sendo devorados pelas omissões do poder público e violência das facções criminosas.    


sábado, 22 de junho de 2013

O Brasil está nas ruas!

Havia um grito retido no peito de cada brasileiro. Sufocado por um estado absurdo de corrupção e desmandos políticos, milhões brasileiros ocuparam praças, avenidas e até os prédios símbolos do poder político em diversas capitais brasileiras, para protestar contra os abusos do atual governo federal, dos deputados e até do poder judiciário. Contra o Governo da presidente Dilma pesa o fato de ela ignorar a corrupção dos seus aliados políticos e de fazer vista grossa aos problemas sociais mais graves do país, que não podem ser resolvidos com os paliativos do tipo “Bolsa Família”. Os gastos com as Copa das Confederações, que quase nada de novo trouxe para o país, além dos gastos astronômicos com estádios em cidades que tem pouca ou nenhuma tradição no futebol, foi um dos fatores motivadores da mobilização das massas em todos os cantos do país. Um país com altos índices de corrupção em todos os níveis da administração pública, com um sistema educacional cambaleante, saúde doente, segurança pública falida, não pode ficar adormecido se dar ao luxo de cumprir às exigências da “todo-poderosa” FIFA construindo estádios caríssimos e luxuosos em meio a um oceano de pobreza e miséria. Não somos a favor da violência e da baderna; mas também não somos a favor da inércia, da falta de atitude.
Nós cristãos, não podemos esquecer que também fazemos parte dessa sociedade que grita por justiça, por escolas melhores, por assistência médica adequada, por segurança, por dignidade, por punição aos políticos corruptos, por transparências nos gastos públicos, por justiça social em todos os níveis.  
Orar pela nação é preciso, mas não basta. É preciso que nos unamos ao grito daqueles que, de forma consciente lutam por uma sociedade mais justa. É necessário que saiamos dos nossos guetos religiosos e nos apresentemos para protestar, inclusive nas redes sociais, por um Brasil que seja conhecido não apenas pelos desmandos dos seus governantes, pela corrupção desenfreada, pela lentidão da justiça e pela impunidade.
Vamos juntos nessa luta por um Brasil melhor!

Pr. Ribamar Sousa  

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Quero meu filho longe da igreja!


O Senhor entregou aos pais uma responsabilidade da qual não devem se omitir, que é cuidar bem dos filhos, ensinando-os a andar no temor e na vontade do Senhor. Nesse sentido, um dos cuidados que os pais precisam ter é o de ensinar os filhos a amar a sua igreja local e estimulá-los a ter uma vida de comunhão e de envolvimento com os alvos e propósitos da igreja. Mas, alguns pais, talvez sem perceberem, estão dizendo com suas atitudes que desejam que seus filhos estejam longe da igreja. Veja alguns sinais de pais que querem seus filhos longe da igreja:

Diante dos mínimos problemas, tais como indisposição, cansaço, chuva, frio ou calor, deixam de ir aos cultos. Se você como pai age assim, seu filho crescerá com a ideia de que frequentar a sua igreja não é tão importante assim. Se essa tem sido sua atitude, leia Hebreus 10.24-25.

Em casa e diante dos filhos estão sempre a tecer críticas ou comentários negativos acerca do pastor e da liderança da igreja de modo geral. Assim os filhos crescerão sem respeito por seus lideres espirituais e rejeitando desde cedo seus ensinos. A atitude dos pais deve ser aquela citada por Paulo em 1 Tessalonicenses 5.12,13.

Não valorizam no dia a dia a aplicação dos princípios da Palavra de Deus a todos os membros da família. Estão sempre a transferir para a igreja a responsabilidade que lhes foi dada pelo Senhor conforme Deuteronômio 6.6,7. Desse modo, os filhos entenderão que poderão viver sem muita responsabilidade em cumprir os princípios bíblicos.

Usam todo o tempo que têm em casa em frente à TV, no celular ou na internet sem nenhuma preocupação em ter um TSD – TEMPO SOZINHO COM DEUS. Sobre isso veja o que diz Deuteronômio 17.19. Seus filhos aprenderão o que você mais valoriza e certamente seguirão seu exemplo!

Falam negativamente sobre a vida dos membros da sua igreja e permitam que seus filhos participem, depois, ao vê-los na igreja cumprimentam-nos com beijinhos e sorrisos. Assim os filhos entenderão que é possível ser cristão e ao mesmo tempo ser hipócrita e desejará seguir esse mesmo caminho. Veja o que diz Tito 3.2.

Se você é mãe, manipule sentimentalmente seu marido e faça com que ele acredite que você está sendo verdadeira. Nesse sentido, use e abuse da sua “criatividade”: adoeça, chore, expresse desânimo, dores de cabeça, tudo de mentirinha. Sua filha quando crescer imitará você em tudo!

Se você é pai, seja omisso e deixe-se manipular. Não se importe com o fato de você ter sido chamado para ser “o cabeça” da sua casa em nome de Cristo. Assim, sua vida familiar seguirá por muito tempo sem rumo certo.

Pr. Ribamar Sousa

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O Verdadeiro Discipulado Cristão

“Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás e já não andavam com ele. Então disse Jesus aos doze: queria vós também retirar-vos? Respondeu-lhe pois Simão e Pedro: Senhor para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (João 6:66-68).

Sinto que é sempre um tema interessante e proveitoso tentar decidir qual destas duas posições é mais perigosa para um homem - declarar franca e abertamente que não tem qualquer interesse em Cristo e na religião ou seguir a Cristo motivado por uma razão falsa ou errada. Sei que cada teólogo nesta congregação será levado a dizer imediatamente que em última análise não há nenhuma diferença entre os dois; que o homem que segue a Cristo por uma razão errada esta tão fora do reino de Deus quanto aquele que não manifesta qualquer desejo de seguir a Cristo. Isso é verdade, porém eu creio que há uma distinção muito importante entre os dois se os examinarmos puramente do ponto de vista humano, pois o problema com o homem que segue a Cristo por uma razão falsa ou errada é que ele não só esta iludindo a si mesmo, mas também está enganando a Igreja. Mas quando nos defrontamos com um quem não crê em Cristo, então sabemos exatamente o que dizer e o que fazer com ele. Quando um homem se apresenta como uma pessoa religiosa, a Igreja tende a aceitar suas declarações pensando que seria um insulto questioná-lo. A Igreja presume que uma vez que ele professa ser religioso, isso significa que ele é um cristão. Um dos lugares mais perigosos para um homem é a Igreja do Deus vivo.

Creio que este ponto poderia ser uma boa explicação para a atual situação da Igreja hoje em dia. Vemos uma excessiva prontidão em ligar o fato de alguém ser membro de uma Igreja com verdadeiro discipulado, presumindo que todos aqueles que se unem à Igreja realmente estão seguindo a Cristo. Sei que a Igreja talvez tenha bons motivos para isso. Ela sente que é bom que as pessoas estejam sob sua influência, para que possam ser protegidas das tentações do mundo. A tragédia, no entanto, é que com freqüência ela toma por certo que essas pessoas são verdadeiramente cristãs. E assim a igreja tem dirigido a tais pessoas mensagens que são apropriadas para o verdadeiro cristão, mas que não têm muito valor para aquele a quem falta a essência da fé. Então é por isso que afirmo que a Igreja pode ser um lugar muito perigoso. É possível que por pertencerem à Igreja tais pessoas nunca venham a ouvir algumas das perguntas fundamentais e básicas que todo cristão deve ser capaz de responder. Existe um perigo muito real de presumirmos por razões erradas e falsas que somos cristãos. E não hesito em declarar que é um perigo muito grande e real. E se vocês pedissem que eu comprovasse e justificasse o uso desse adjetivos, eu poderia fazê-lo com facilidade por meio das páginas do próprio Novo testamento.

Certamente não há nada mais notável, na leitura da história da vida de nosso Senhor Jesus Cristo nos Evangelhos, do que observar a forma como Ele sempre quis Se certificar que homens e mulheres não O seguissem motivados por uma razão errada. Vocês podem encontrá-lo constantemente parando e perguntando a homens e mulheres se O estavam seguindo pela razão certa. Ele parecia preocupado em não atrair aqueles que não tinham se apropriado do que era certo e verdadeiro. Não há maior paródia da vida de Cristo do que declarar que nosso bendito Senhor, no fim de Sua vida, ficou decepcionado quando Se viu abandonado por seus amigos; que Seu coração se partiu porque Ele nunca imaginara tal deserção, e que ela O surpreendeu. Não há nada mais falso, à luz do quadro que o Novo Testamento dá de Jesus. Lemos que nosso Senhor estava ciente dessa possibilidade desde o princípio e até mesmo a predisse. Ele Se esforçava constantemente para examinar Seus seguidores porque sabia com certeza o que iria acontecer no fim. Todos lembramos as maravilhosas palavras do Senhor no fim do sermão do Monte: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: nunca vos conheci apartai-vos de mim”. Eles pensavam que tudo estava bem; mas naquele dia descobrirão que estavam errados. Lembramos também da parábola da casa edificada sobre a rocha e da que foi edificada sobre a areia: “Prestem atenção como vocês escutam!” diz o Senhor. “Examinem-se e esquadrinhem-se a si mesmos”. Também lembramos da parábola do semeador, em que nosso Senhor parece estabelecer, como um princípio fundamental, que dentre todos os que O seguem, somente vinte e cinco por cento realmente têm apreendido a verdade. Quero também chamar a sua atenção para a parábola da rede que recolheu um certo número de peixes de toda qualidade — alguns bons, e outros maus —realçando a grande diferenciação entre as pessoas. Mas talvez a ilustração mais perfeita desse princípio pode se encontrada em um dos três quadros apresentados no fim do nono capitulo do Evangelho de Lucas. Vocês por certo se lembram do jovem que veio a Jesus dizendo: “Senhor ,eu te seguirei onde quer que fores”. Talvez acrescentando: “não sei quanto a essas outras pessoas, porém eu estou do Teu lado”. “Certamente”, alguém dirá, “esse é o tipo de homem que a Igreja de Deus está buscando hoje em dia. Certamente nosso Senhor o recebeu de braços abertos!” Mas foi a esse homem que Jesus disse: “As raposas tem covis e as aves do céu ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”. Cristo Se volta para esse zelote, e diz: “Você esta cheio de zelo, entusiasmo e êxtase, mas realmente entende o que significa Me seguir? Significa ostracismo, e talvez renúncia às coisas que mais valoriza na vida. Certifique-se de que sabe exatamente o que significa discipulado cristão”. Ao ler os Evangelhos, vocês verão que nosso Senhor estava constantemente advertindo as pessoas, e esclarecendo que havia a possibilidade de alguém segui-lO motivado por uma razão errada ou espúria.

Os escritores das Epístolas reiteraram a mesma mensagem, inculcando-a nos cristãos da Igreja Primitiva.

Não seria bom que examinássemos a nós mesmos, fazendo a mesma pergunta, ou seja, se O estamos seguindo motivados por uma razão certa ou errada? Por que estamos seguindo a Jesus? Qual é o significado exato que vemos em nossa ligação com a igreja que freqüentamos? Essa é a pergunta que eu gostaria de examinar com vocês à luz deste texto. Sempre achei que este capítulo (João 6) é um exemplo clássico de todo esse assunto. O evangelista, sob inspiração divina, parece ter reunido neste capítulo a maior das razões falsas ou espúrias pelas quais homens se contentam em seguir a Cristo : todas estão agrupadas aqui. Observe a divisão do texto.

“Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás”. Por outro lado os doze permaneceram. Aqui está a divisão — os muitos que voltaram atrás e os poucos que permaneceram. Muitos O tinham seguido pela razão errada. Poucos O seguiram e O acompanharam motivados pela razão certa e verdadeira.

Vamos examinar, antes de tudo, algumas das razões erradas pelas quais homens seguem a Jesus Cristo. Existem pessoas que se unem a uma igreja pela simples razão que muitos outros estão fazendo a mesma coisa. Vemos claramente no Novo Testamento, bem como na história subseqüente da Igreja Cristã, uma vasta expressão de psicologia das massas. Há pessoas que sempre estão prontas a se unirem a uma multidão, e sempre ficam fascinadas por aquilo que todos os demais parecem estar fazendo. Há pessoas que estão numa igreja pela simples razão que alguém as levou ou então viram outras pessoas indo a essa igreja. Nunca perguntaram a si mesmas: “Porque estou na igreja?” Parece ser a coisa certa a fazer: os pais e os avós fizeram isso; é uma tradição em sua localidade; outros fazem isso, e, portanto, elas também fazem. Há pessoas que simplesmente “nadam com a corrente”. Fazem algo porque outras pessoas estão fazendo aquilo. Deus permita que nenhum de nós nesta igreja irrefletidamente, sem jamais ter considerado o significado de ser membro de igreja, e o que está envolvido. Houve muitos que seguiram o Senhor simplesmente porque viram que as multidões O rodeavam. Que o Senhor nos liberte de ser parte desse grupo!

Outra razão foi mencionada pelo Senhor no versículo 26: “Na verdade na verdade vos digo que me buscais, não pelo sinais que vistes, mas porque comeste do pão, e vos saciaste”. Que Ele quis dizer com isso? Ele estava sugerindo que essas pessoas tinham uma razão puramente mercenária e materialista para segui-lO. Vieram correndo após o Senhor, e aparentemente O estavam adorando; mas não estavam realmente interessadas no aspecto espiritual, no divino e no sobrenatural. Por que O seguiram? Porque receberam dEle aquilo que as atraía — os pães. Estavam ansiosas por alimento, e por essa razão egoísta é que seguiram a Jesus, porque receberam dEle aquilo que desejavam. Não sei se esta razão é uma razão muito comum para que as pessoas se unam à Igreja, pois a religião não é tão popular hoje em dia como era no passado; porém temos que concordar que talvez a verdadeira tragédia era que os homens tinham a tendência de se unirem à Igreja porque ela lhes dava posição, reputação, poder e influência. Infelizmente muitos há que se uniram à Igreja pelo motivo que isso beneficiaria seus negócios ou sua profissão; fizeram uso da Igreja para o avanço de seus interesses ou desejos pessoais. São as pessoas que seguem a Cristo porque desejam comer do pão que Ele dá, porque querem se satisfazer. Talvez devêssemos incluir nesta categoria aqueles que seguem a Cristo porque estão interessados na doutrina do perdão dos pecados, e porque querem tirar proveito da Sua cruz; eles não querem sofrer o castigo eterno; não gostam da noção do inferno. Cristo anuncia perdão dos pecados, e eles O seguem, não porque desejam santidade ou porque realmente O amam, mas só porque temem o inferno e estão com medo do castigo eterno. Esta são as pessoas que tornam até mesmo a cruz de Cristo em mercadoria, e a usam como um manto para cobrir seus pecados. Usam a cruz para o proveito dos seus próprios desejos pessoais e mercenários. Seguem a Cristo somente para os seus próprios fins, e não porque Ele é o Filho de Deus e o Salvador do mundo.

E então, no versículo 2 deste capítulo, encontramos outra coisa muito interessante: “E grande multidão o seguia; porque via os sinais que operava sobre os enfermos”. Ora, este é um tipo de pessoa muito interessante, e que encontramos com freqüência nas páginas do Novo Testamento. Temos uma descrição do mesmo tipo de pessoa no segundo capítulo: “E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos vendo os sinais que fazia, creram no seu nome” (João 2:23). Este grupo dos que estão preocupados com os aspectos externos da região parece ser bem grande na época atual. São as pessoas que estão interessadas no fenômeno da religião parece ser bem grande na época atual. São as pessoas que estão interessadas no fenômeno da religião; elas seguem a Jesus porque vêem os milagres que Eles realiza. O poder miraculoso de Cristo as atrai. Se há manifestação de poder sobrenatural, elas sempre estão lá. São atraídas pelo fenômeno da religião, e não pela verdade da religião. Nosso Senhor Jesus Cristo realizou muitos milagres; e Ele o fez deliberadamente. Seu alvo e propósito ao realizar milagres foi manifestar o Seu poder. Todavia, notamos algo interessante. Ele não confia naqueles que estão mais interessados nos milagres do que nEle mesmo ou naqueles que estão mais interessados no fenômeno do que no poder. Jesus Cristo, pela graça de Deus, ainda opera milagres neste mundo pecaminoso, e ainda transforma a vida das pessoas. Ainda existem fenômenos gloriosos em conexão com o reino de Deus em Cristo Jesus. Mas Cristo, o Filho de Deus, não veio à terra simplesmente para realizar milagres ou fazer obras maravilhosas, e assim manifestar o Seu poder; e nem veio apenas para mudar nossas vidas; Ele veio, antes de tudo, para purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras. Ele veio para reconciliar os homens com Deus, e para nos levar ao conhecimento da verdade. Devemos nos precaver de segui-lO simplesmente porque estamos mais interessados no fenômeno do que na verdade em si.

E isso me traz ao último grupo, que é encontrado nos versículos 14 e 15, onde lemos: “Vendo pois aqueles homens o milagre que se Jesus tinha feito, diziam: este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo. Sabendo pois Jesus que haviam de vir arrebatá-lo, para o fazerem rei, tornou a retirar-se, ele só, para o monte”. Temos aqui um grupo muito interessante de pessoas, que O seguem porque estão completamente enganadas a respeito de Cristo e de Sua mensagem. Qual foi o milagre que tinham visto? Foi o dos cinco mil sendo alimentados. Essas pessoas, de acordo com o contexto, tinham seguido o Senhor por alguns dias ou talvez semanas. Tinham ouvido as Suas Palavras; mas foi somente quando viram o milagre que disseram: “Este é o Messias. Este é o profeta que havia de vir”. Então lemos que conspiraram entre si e concordaram que deviam se aproximar dEle e levá-lO à força para Jerusalém, a fim de O proclamarem rei. Jesus, porém, percebeu sua intenções e Se retirou para um monte, permanecendo ali sozinho. Aqueles judeus tinham uma concepção política do reino de Deus. Pensavam no Messias como um libertador político, como alguém que os libertaria da escravidão de Roma e Se estabeleceria como rei em Jerusalém, onde reinaria supremo sobre todos os Seus inimigos e sobre o mundo todo. E esses homens se aproximaram dEle com essa idéia em suas mentes; mas Ele os repeliu. E aqueles homens acabaram sendo parte do grupo que se afastou dEle. Quantos, ainda hoje, pensam em Jesus como um revolucionário político, ou um reformador social! Quantos ainda hoje pensam no reino de Deus como sendo primeiramente secular e político! Quantas pessoas pensam que uma das funções principais da Igreja é tratar da condição social do mundo, e assumir o seu lugar nos vários setores e níveis da vida humana, e decidir as grandes questões relacionadas com a indústria e a política e assuntos internacionais! Quantas pessoas ainda pensam em Cristo como um reformador social ou agitador político! E quantas outras pensam nEle como o pálido Galileu que mantém os homens à distância, e que é refinado demais até para tocar no mundo. Há os que pensam nEle como o grande Artista, ou o grande Asceta ou o incomparável Filósofo. Há os que se aproximam da Bíblia como se fosse apenas uma coletânea de jóias literárias. Se tirássemos todos esses grupos da Igreja, eu me pergunto quantos restariam! Receio que esse “muitos” assumiria proporções alarmantes!

Creio que não preciso me justificar se lhes fizer a pergunta: “Vocês seguem a Cristo? Já se defrontaram com esta pergunta? Já encararam estas possibilidades face a face?” Essas pessoas que eu mencionei estavam seguindo a Cristo. Tinham estado com Ele por vários dias; consideravam-se Seus discípulos. Mas então lemos que muitos dos Seus discípulos, Seus seguidores, aqueles que tinham ouvido Suas palavras, já não andavam mais com Ele. Porque é que nós O seguimos? Somos motivados pela razão correta ou somos culpados de seguirmos motivados por uma dessas razões falsas? Qual é a verdadeira razão para seguirmos a Cristo? A resposta naturalmente está nas grandes palavras de Simão Pedro: “Então disse Jesus aos doze: quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe pois Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus”. Ora, podemos nos alegrar com esta resposta, pois, como o contexto nos revela, o Senhor testou a fé do doze. Muitos estavam se afastando. “Lá vão eles; estão vendo?” diz o Senhor, voltando-Se para os doze. “Eles ouviram os mesmo sermões que vocês, e viram os mesmos milagres; vocês estão exatamente na mesma posição. Querem ir com eles? Vocês tem Me seguido pela mesma razão que eles? Porque, se é assim, prefiro que não Me sigam. Vocês também querem retirar-se?” E Simão Pedro respondeu com confiança e com certeza. Temos aqui, em suas palavras, o mínimo irreduzível do verdadeiro discípulado cristão. Que significam essas palavras de Pedro? Precisamos dividi-las e analisá-las. “Senhor, para quem iremos nós?” ele indaga. Devemos interpretar essa frase unicamente de uma forma emocional? Como se Pedro tivesse se voltado para o Senhor, dizendo: “Tivemos tantos momentos maravilhoso juntos, e a vida seria impossível sem Ti”. Era simplesmente uma ligação emocional? Sim, era, mas também era muito mais que isso. Era uma definição de fé básica e profunda. “A quem iremos, se Te deixarmos?” Porque ir a alguém? Por que Pedro faz essa pergunta? Porque aqui descobrimos a declaração primária da confissão cristã. Pedro pergunta: “A quem iremos nós?” porque entende que não pode salvar-se a si mesmo. Pedro havia compreendido há muito tempo sua própria condição sem esperança. Ele estava buscando salvação em alguém fora de si mesmo. E, tendo enfrentado a lei, e tendo visto a João Batista, e tendo contemplado a face de Cristo, ele tinha reconhecido há muito tempo a sua condição diante de Deus. Junto com os seus compatriotas, ele estivera aguardando o Messias. Todavia, Pedro não se limita a admitir que não pode salvar a si mesmo. Ele também declara aqui, peremptoriamente, que tem certeza absoluta que ninguém mais pode salvá-lo senão Cristo. A quem mais podemos seguir? Não há nenhum outro. “Eu não posso me salvar a mim mesmo e nenhum homem pode me salvar”, diz Pedro. Sempre há esta declaração negativa na confissão cristã primária e básica. Eu me pergunto em quê, ou em quem, estamos depositando a nossa confiança e a nossa fé? O homem que tem qualquer alternativa concebível para Cristo não é um cristão. A que nos apegamos, quando pensamos em morte e eternidade? Ainda estamos confiando nessa ilusão de um mundo que está, supostamente, avançando e se desenvolvendo? Ainda imaginamos, credulamente, que meras realizações intelectuais podem nos preparar para o céu?

“Não posso salvar a mim mesmo”, diz Pedro. “Homens não podem me salvar. O mundo não pode me salvar. Mas eu creio que Tu podes”. E ele dá esta razão: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Tu tens as palavras da vida eterna”. Na face de Jesus Cristo, Pedro viu a Deus.

Vocês já tomaram uma posição com Simão Pedro? Já compreenderam sua própria falência e pecaminosidade? Já disseram a Cristo: “Tu tens que me salvar, e Tu somente?” Pedro não se contenta em apenas declarar que Cristo é o Filho do Deus vivo. Ele diz: “Não podemos Te deixar, pois Tu tens as palavras da vida eterna”. Foram essas palavras de Cristo que fizeram com que os outros se retirassem. Essas pessoas tinham seguido a Cristo; tinham escutado Seus sermões; tinham observado Seus milagres. Então nosso Senhor, em uma de Suas mensagens, comparou-Se a Si mesmo com o maná mandado do céu, e continuou dizendo que Ele era o pão da vida, e quem não comesse da Sua carne jamais poderia ter vida eterna. “Muitos pois dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: duro é este discurso”. E finalmente acabaram se afastando por causa dessas palavras. Ele falou que os homens deviam comer da Sua carne e beber do Seu sangue, e estabeleceu isso como uma condição essencial para a vida eterna. “Como pode ser isto?” perguntaram. Foram essas palavras que os ofenderam. Pedro, no entanto, diz: “Eu não entendo tudo, mas eu creio”. Meus amigos, não basta atribuirmos divindade a Jesus de Nazaré de forma singular. Não é suficiente que creiamos sem Seus milagres e em Suas obras sobrenaturais. Nós somente estamos seguindo Cristo, real e verdadeiramente, quando cremos que é Ele quem opera a nossa salvação através do Seu corpo quebrado e Seu sangue derramado. “Eu não entendo a doutrina da expiação; não posso compreender seu significado; parece absurda, e quase imoral”, vocês dizem. Não estou pedindo que entendem isso tudo. Simão Pedro não entendia, mas assim mesmo a aceitou, e entregou a sua vida a Cristo. Jesus Cristo Se oferece a nós, crucificado e ressurreto — alguém que foi ferido pelos açoites que nós merecíamos, que deu Sua vida em resgate por muitos, que, pelo Seu Espírito Santo, quer habitar em nós; que não só nos liberta da culpa do nosso pecado passado, mas que também nos liberta do poder do pecado, e da poluição do pecado, e que está adiante do nós, dizendo: “Apropriem-se de Mim”.

“Quereis vós também retirar-vos?” Milhares estão se retirando. Na verdade, esta nação e o mundo estão se tornando cada vez mais ímpios. O homem, em seu orgulho intelectual, está rejeitando a Palavra de Deus. “Quereis também vos retirar-vos?” Que todos nos voltemos para Ele, como Simão Pedro, dizendo: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus”.

Dr. David Martin Lloyd-Jones